Os alunos do curso de Engenharia Química, Charles Cossimatti, Sidnei Brito e Mayra Lage, realizaram um projeto para tratamento de resíduos oleosos provenientes de Retíficas de Motores. Em parceria com a ONG COATI (utilidade pública municipal) essa atividade foi desenvolvida dentro do programa de estágio da entidade, que inicialmente identificou o problema de contaminação por resíduos oleosos, muito comum em oficinas com atividades de desengraxe e lavagem de peças (cabeçotes) de veículos automotores.
Após visita à RETÍFICA FOCO, próximo ao campi Pedro Fornari, os alunos verificaram o problema, coletaram amostras para análises laboratoriais e iniciaram o dimensionamento do sistema de tratamento específico para aquela situação.
“Todos os materiais utilizados para montagem das caixas são de baixo custo, e não há qualquer adição de produtos químicos e nem uso de eletricidade, o que torna o sistema extremamente sustentável” comenta a Diretora de Projetos da entidade e orientadora da equipe, Profa. Raquel Carnivalle Melillo.
O sistema é constituído por 3 tambores, sendo que o primeiro recebe o efluente contaminado e promove a decantação do sólido em suspensão (1). O segundo recipiente recebe o efluente com o óleo sobrenadante (2), que é coletado em uma canaleta localizada no nível da lâmina d’água (3 e 4). Por fim, o terceiro tambor (5) recebe a parte do efluente isenta de óleo residual, pronto para descarte na rede coletora de esgoto (6).
Além disso há ainda a possiblidade de implantação de um reservatório para reutilização da água de descarte em lavagem de peças com maior concentração de graxas numa lavagem preliminar, o que pode contribuir para economia no consumo de água da oficina.
Dados fornecidos pela prefeitura municipal dão conta que existem cerca de 200 oficinas cadastradas na cidade, não considerando os estabelecimentos informais. Uma retífica de médio porte utiliza cerca de 100 litros de óleo diesel por mês, o que representa um volume aproximado de 20.000 L/mês de materiais oleosos descartados inadequadamente na rede de coleta de esgoto no município.
“A associação de pequenos poluidores pode causar um enorme impacto ao meio ambiente e aos sistemas de tratamento de esgoto, uma vez que as técnicas convencionais são muito sensíveis a esse tipo de contaminante, por isso é muito importante o descarte de qualquer óleo à rede coletora” afirma César Toledo, Diretor Geral do COATI.
O custo para implantação desse sistema é de aproximadamente R$ 87,00 , valor muito aquém aos equipamentos de mercado custam em torno de R$ 2.500,00.
Os testes físico-químicos apontam uma melhor qualidade da água para descarte em rede de esgoto, com possibilidade de reutilização no próprio processo de lavagem.
“A realização desse projeto só foi possível graças ao apoio da Instituição UNIANCHIETA, que disponibilizou o uso dos laboratórios para realização dos testes e à coordenação do curso de Engenharia Química, na figura do prof. Flávio Gramolelli” comenta Charles Cossimatti, aluno de graduação.
“Participar desse projeto foi além de grande oportunidade de crescimento profissional, pois, consegui colocar em prática conhecimento adquirido no decorrer do curso, foi também, de crescimento pessoal, uma vez que pude notar a importância desempenhada por cada pessoa na preservação do meio ambiente e seus recursos” afirma Mayra Lage, estudante de Engenharia Química.
Em tempos da maior crise hídrica da história do Estado de São Paulo, propostas como essa podem contribuir de maneira muito significativa para economia e conservação de nossas águas e preservação dos mananciais de abastecimento.
Fig.1 – Garrafas PET utilizadas no processo de descontaminação
Fig.2- Sistema instalado em funcionamento
Fig.3 – Separação do resíduo oleoso
Fig. 4 -Resíduo após lavagem dos cabeçotes
Fig. 5 – Cabeçote de veículo